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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Medronheiro (Arbutus unedo)


Copa de um medronheiro visto de baixo.

Uma das árvores que sempre me veio à memória na infância foi o medronheiro (Arbutus unedo), lembro-me perfeitamente de passar com o meu pai num dia de caça perto de uma quinta na minha terra e deliciar-me com o fruto desta árvore, mas nunca me deixava comer menos de um punhado de medronhos, não sabia o porque, pois o nome unedo, quer dizer que só se deve comer um. São um pouco indigestos, pois contêm muitos taninos. Se estão muito maduros podem dar origem a ligeiras intoxicações alcoólicas.
Nunca sabia quando se apanhava medronhos, muitas vezes ia de bicicleta e sabia que por aquela zona havia um medronheiro, chegando ao dito, os frutos ainda não estavam maduros. Com o passar do tempo reparei que os mesmo ficavam maduros aquando da apanha da azeitona.

Já era conhecido e comido na Grécia Antiga, mas foi ignorado pelos Romanos e o seu valor alimentar e medicinal só mais tarde foi reconhecido.

O medronheiro é um arbusto ou árvore de folha perene de porte pequeno que atinge os 5 a 10 metros de altura podendo atingir os 15 metros, possui copa oval e espessa.
O tronco possui um ritidoma pardo-avermelhado ou pardo-acinzentado, delgado, gretado, muito escamoso, caduca em pequenas placas nos exemplares mais velhos.

Tronco de Medronheiro adulto.

As folhas de forma lanceoladas, de 5-10 cm de comprimento, coriáceas, serradas, com pecíolo curto, alternadas, glabras excepto na base; lustrosas e verde-escuras por cima, mais claras por baixo.

Medronheiro jovem.

A floração de Outubro a Fevereiro. As flores são hermafroditas, brancas com matizes verde ou rosa, formam inflorescências em panículas pendentes (cachos pendentes).
O fruto globoso e verrugoso, mede entre 15 a 20 mm, é primeiro verde passando por amarelo e tornando-se depois escarlate a vermelho-escuro durante o amadurecimento que ocorre no Outono do ano seguinte. O fruto pode colher-se entre Setembro e Dezembro e são utilizados para a aguardente, licores, vinagres, bolachas e compotas. Contém vitamina C, 10-20% de açúcares.
Tem um forte poder anti-bacteriano e é utilizado na arteriosclerose, diarreia, doenças do fígado, rins e aparelho urinário. O mel tem propriedades balsâmicas.

Medronhos maduros.

Medronhos amarelos, ainda não estão maduros.
É uma árvore tolerante ao assombramento; suporta climas com períodos estivais secos e pluviosidade baixa, bem como altitudes elevadas, até 1200 m.
Prefere solos siliciosos da costa ou da montanha, mas suporta os calcários e pobres em húmus, de textura e humidade médias. Vive para além de 200 anos.

Espécie mediterrâneo-atlântica, que se encontra no Sudoeste do continente, indo da Irlanda, Bretanha, regiões tipicamente de clima atlântico, à costa mediterrânica.
Em Portugal é espontânea em quase todo o território, embora com maior frequência a sul do Tejo, onde adquire importância de relevo, sobretudo nas serras de Monchique e do Caldeirão nas quais ocupa proporcionalmente grandes superfícies.

Ornamental, devido às flores e frutos muito vistosos que sobressaem das folhas verde-escuro.
Os frutos, comestíveis, servem a produzir a perfumada aguardente de medronho.

O medronheiro, devido à degradação da floresta primitiva, é hoje uma das únicas espécies com porte arbóreo em matos perenes, nas orlas de bosques nas encostas e mais terras, outrora cobertas de carvalhos.
Resistente à poluição urbana.

A reprodução do medronheiro obedece a um mecanismo natural a esta espécie. Começa com a queda do fruto maduro no Outono/Inverno, a partir do qual se produz uma maceração e fermentação das sementes. Esta é ajudada em grande parte pela manta vegetal e o sucesso de germinação na Primavera seguinte dependerá das condições edafo-climáticas em que decorreu essa maceração/fermentação.

Um bem aja, 
Bruno Martins
Man in the Wild.

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